Espírito de Natal
O que é isso? É a hipocrisia de se fingir que nesta época todos são amigos quando no resto do ano vivem em brigas constantes uns com os outros? É a necessidade de oferecer uma prenda (vulgo presente) a alguém que nem sequer conhecemos bem os seus gostos?
Espírito de Natal deveria ser celebrar o nascimento (natal) de alguém, neste caso, seria festejar o nascimento de Jesus de Nazaré, segundo os conceitos cristãos.
Creio que o erro começa logo por aí mesmo! Sabe-se, hoje, que Jesus não nasceu a 25 de Dezembro, mas ninguém sabe, sequer, quando ele nasceu. Mas isso não importa, o que deveria importar seria, sim, celebrar o nascimento de alguém que nos veio apresentar uma filosofia radical de vida, para os conceitos da sua época e, ainda, não completamente interiorizada nos dias de hoje. Para a instituição designada por Igreja é pundonor (ponto de honra), é dogma (aquilo que não se discute), afirmar que Jesus nasceu conforme nos ensina a tradição. Mas esse dia não é mais do que a celebração da antiga festa pagã do solstício de Inverno. Então, quando nos é transmitido durante anos, muitos anos duma vida, e muitos anos de diversas vidas, que uma mentira deve ser celebrada como se duma verdade se tratasse, isto só pode incentivar situações de hipocrisia. Veremos nós, por acaso, a Igreja desligar-se do conceito comercial da imagem do Pai Natal recriada pelo departamento de marketing duma empresa norte-americana, no início do séc. XX? E o que vemos nós? O Pai Natal, aguerrido incentivador do consumismo materialista, a pulular pelos centros comerciais, fazendo com que as pessoas gastem o dinheiro que têm e ainda aquele que não têm. É esse o espírito de Natal? Desperdiçar rios de dinheiro em coisas supérfluas enquanto crianças, adultos e idosos morrem de fome e de frio por este mundo fora, e bem ao nosso lado, também!

Ah! “Fala sério!” como se diz no Brasil. Por favor, que alguém me ajude a expulsar de perto de mim o espírito natalino (natalício), valha-me Deus!
Voltemos, então, ao nascimento do filósofo, ou profeta, Jesus. O que ele nos ensinou? O que veio transmitir-nos? Entre muitos ensinamentos, ele disse: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós”. (Mt 7:12)
É por aqui que deveríamos começar: fazermos algo aos outros. Não apenas na época do Natal, mas especialmente nos outros 11 meses ou nos restantes 364 dias do ano e não somente num dia ou num mês concreto. Por quê vivermos de costas uns para os outros e depois sorrirmos no Natal!? Por quê não darmos de comer a quem tem fome, mas desperdiçarmos comida no Natal!? Por quê não ajudarmos a aquecer quem verdadeiramente tem frio, mas comprarmos roupas caras para usar, ou oferecer, no Natal? Por quê despedirmos trabalhadores e oferecermos prendas caras aos nossos familiares!? Por quê… por quê tudo isso? Por quê… não sei! Mas porque assim é, e porque as pessoas não fazem tenção de mudar nem melhorar tudo continua mal.

É chegada a altura de expandirmos a nossa consciência, pois 2012 está aí, e começarmos a mudar as nossas formas de pensar e as nossas atitudes. Se achamos que é hipocrisia fazermos algo, então, não o façamos. Pouco importará o que os outros possam dizer. Enquanto continuarmos a fazer seja o que for contra a nossa vontade nada irá melhorar. Os velhos paradigmas precisam de ser abandonados para darmos lugar a novos conceitos e fomentarmos uma sociedade mais justa, mais humana. Esta será a nova filosofia de 2013 em diante. Nada de mal irá acontecer em Dezembro de 2012 excepto mais uma viragem astronómica e astrológica que já vem influenciando algumas mentes e consciências, desde há já alguns anos, empurrando-nos para atitudes de amor incondicional.
João Galizes
P.S.- Em tempo, fiquei a saber depois de colocar este post que durante a Missa do Galo (deste Natal de 2011), o Papa criticou a degenerescência consumista das festas de Natal. Bento XVI afirmou, nomeadamente, que "hoje o Natal tornou-se uma celebração comercial..."