(in)Verdades Nada Absolutas
Muitas pessoas na sociedade actual são ateias, não acreditam em Deus, e para essa descrença muito contribuiu a forma como a religião no mundo ocidental foi transmitida e imposta aos povos subjugados às crenças cristãs através da força. Se nos primeiros séculos da nossa era seria possível divulgar-se qualquer estóriacomo sendo credível, com o passar dos séculos, nomeadamente com a invenção da tipografia e da consequente divulgação literária, o conhecimento passou a estar disponível mais rapidamente e com maior facilidade ao alcance de muito mais gente. As ideias anti-cristianismo propagaram-se velozmente. O conhecimento científico outrora amordaçado durante séculos pelos líderes cristãos avançou célere. Os cientistas com o pouco que iam descobrindo têm vindo a considerar que já possuem bastantes conhecimentos e que essa base é suficiente para destronarem o Deus inventado pelo cristianismo ou por qualquer outra religião mais antiga.
CERN - Suíça
Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear
Jesus de Nazaré, o Filósofo — filho de José o carpinteiro — segundo se sabe, pelos documentos da época, nunca fundou qualquer seita religiosa, apenas contestou a forma como a religião dos seus pais — a judaica — era aplicada e seguida; criticou-a e propôs uma outra forma mais justa de viver a vida. Ensinou que deveria ser posta em prática a lei do amor em vez da desumana e antiga Lei em vigor desde a época de Hamurabi na Babilónia (dois mil anos antes do seu nascimento). Jesus ensinou uma nova lei tão simples quanto isso: ama o próximo como a ti mesmo; e, faz aos outros aquilo que gostarias que te fizessem... suficiente para melhorar os relacionamentos e o modo de viver, mas, pelos seus ensinamentos e pela ameaça que ele representava para o poder religioso judaico, e para a ordem militar romana na região, foi condenado à morte. Ainda hoje essa é a forma de muitos Governos, ou de gente influente, se livrarem de pessoas que contestam as suas formas de gerir a sociedade: condenar os indesejáveis à morte.
A Igreja Cristã — que actualmente se divide em múltiplas facções ao redor do mundo: católica, ortodoxa, copta, protestante, anglicana, evangélica, e muitas outras denominações — começou por ser uma pequena seita de seguidores das ideias de Jesus de Nazaré, perseguidos pelos Governadores da época na região da Palestina, no Médio Oriente, e mais tarde na Europa. Esses homens, mulheres e crianças eram ridicularizados, torturados e mortos de forma hedionda. Séculos mais tarde a seita passou a religião oficial do Império Romano. Do papel de dominada passou para a posição de dominadora, aplicando — a quem não acreditava nas ideias que os seus líderes pretendiam impor — castigos, torturas e mortes de que outrora os seus seguidores tinham sido vítimas.
Condenação pelo Santo Ofício
Concílio de Niceia
Como se deu a inversão de papéis do cristianismo? No século IV da nossa era tudo se alterou: Constantino, Imperador de Roma, por uma questão de conveniência, impôs o cristianismo como religião oficial do Império. Isso trazia-lhe a vantagem de apaziguar situações de revolta dentro do Império, muitas criadas pelo próprio cristianismo que cada vez ganhava mais força, e também o benefício de unificar crenças pagãs com um culto religioso em expansão evitando conflitos entre ambas as crenças. As crenças pagãs eram as do culto do Sol Invictus (Sol Invencível), do qual Constantino era Sumo Sacerdote.
O imperador Constantino.
Mosaico na Basílica de Santa Sofia, Constantinopla
No Concílio de Niceia, em que Constantino também participou, apesar de ser Imperador e não um membro eclesiástico, foi estabelecido que Jesus seria considerado divino, de simples profeta mortal passou a Filho de Deus, e também a Deus feito Homem, por resolução dos bispos e cardeais reunidos em conselho. Nesse concílio ficou também estabelecido quais os livros que integrariam a Bíblia, tudo isso realizado mediante votação dos homens e não por mediação divina.
Batalha de Ponte Mílvia
Falemos, ainda, de como o Imperador Constantino, Sumo Sacerdote pagão “se tornou” cristão. Em abono da verdade, Constantino, não se converteu à religião que ele próprio instituiu como oficial dentro do Império, senão, apenas, quando já estava no leito de morte. Assim ele não era obrigado a respeitar as regras cristãs em vida e ao converter-se, já perto de deixar este mundo, ficaria habilitado a ser perdoado por se entregar à crença no cristianismo, diga-se que foi muito conveniente e bastante útil. Foi nas vésperas duma batalha, ocorrida em Ponte Mílvia, que Constantino afirmou ter observado no céu um sinal composto por duas letras gregas X e P (embora ele fosse Romano), letras essas que em grego são o equivalente a Ch e R no alfabeto latino, e são as iniciais de Christos (Cristo). E onde surgiram esas letras? No céu, sobre o Sol, com certeza, o deus de Constantino! Então, o Imperador mandou colocar esse sinal nos escudos do seu exército (curiosamente Jesus, que no seu tempo promovia a paz, posteriormente passa a surgir bastantes vezes no início ou meio de batalhas conduzindo um dos exércitos à vitória!). Além do sinal Constantino viu, ainda, uma mensagem que dizia: “Com este sinal vencerás”.
Curiosamente, e muito conveniente, a mãe de Constantino, a imperatriz Helena de Constantinopla, foi à Palestina no século IV e após algumas visões conseguiu encontrar tanto o local da crucificação de Jesus como ainda, mais espantosamente, foi capaz de encontrar e reconhecer a Vera Cruz, a verdadeira cruz onde Jesus sofreu a pena capital, 300 anos depois da sua execução. Em Belém mandou edificar a igreja da Natividade e em Jerusalém a igreja do Santo Sepulcro. Ficou conhecida para a posteridade como Santa Helena. A madeira da cruz foi dividida e distribuída por várias igrejas da Europa.
(Stª.) Helena de Constantinopla
Quando era jovem e me ensinavam religião eu não entendia porque na Bíblia estava escrito que depois de criar o mundo Deus havia descansado no 7º dia, mas pelas minhas contas, de criança, os cristãos estavam descansando no 8º, já que o 1º dia da semana não era a 2ª feira (logicamente, como o nome indica)! E também, foi só mais tarde, quando comecei a aprender inglês, que percebi que Domingo se dizia Sunday, significando dia (Day) do Sol (sun), era curioso, nesse idioma os dias eram dedicados aos planetas do nosso sistema solar. Mas foi preciso que passassem muitos anos para perceber a relação entre o 8º dia de descanso em homenagem ao descanso divino, o dia do Sol e a importância dum imperador pagão no meio de certos ícones cristãos!
6 dias da Criação do Mundo
Génesis
Será que as pessoas já pararam para pensar em tantas incongruências que a Igreja pretende impor-nos como verdades absolutas, dogmas indiscutíveis?
E quantas pessoas já sofreram fisicamente (e muitas ainda sofrem psicologicamente) por não acreditarem nessas invenções!
Já é tempo de nos libertarmos de fantasmas e reconstruirmos livremente a espiritualidade de cada um sem complexos...
João Galizes